sábado, 16 de outubro de 2010

Exemplo - Entrevista (Casa Claudia/site)



NOTÍCIAS / 10/07/2007

Entrevista com Marcos Casado, que projetou a nova agência do banco Real
Por Cristiane Teixeira

O que esta agência tem de diferente das outras?
Visualmente, ela precisava ser igual às demais, atendendo ao padrão do banco. Então, buscamos materiais e tecnologias que garantissem isso.
Usamos vários itens que incluem material reciclado na composição:
- blocos cerâmicos com resíduos de aparas de papel
- divisórias de fibrocimento sem amianto e com fibras de PET
- tubos de esgoto e carpete com fibras de PET
- piso externo intertravado, permeável, que leva areia de fundição na sua fórmula
- e cimento CPIII, feito de escória de alto-forno.
Outros produtos sustentáveis são:
- forros de fibra mineral em substituição ao gesso, material não reciclável
- tubos de água fria de polipropileno, que não libera gases tóxicos na queima
- tinta mineral, sem compostos orgânicos voláteis, que são tóxicos
- assoalho interno de eucalipto certificado
- esquadrias, escadas e balcões de madeira certificada.

Que tecnologias sustentáveis a agência incorpora?
A água da chuva e o esgoto são tratados e a água purificada abastece os vasos sanitários e as torneiras da área externa, usadas na irrigação dos jardins. O espaço dos caixas eletrônicos é 100% iluminado por energia fotovoltaica, captada por 16 placas instaladas no telhado. No restante da agência, sensores de presença cortam a iluminação se não houver ninguém no lugar, e um timer apaga as luzes após o horário comercial. Usamos lâmpadas de 28 w, ao contrário das usuais de 32 w, e no lugar das dicróicas, que gastam 50 w, colocamos LEDs, uma tecnologia de iluminação que consome apenas 3 w. Além disso, no projeto arquitetônico, previmos um painel envidraçado na fachada frontal, junto ao telhado: a luz natural entra e reduz a necessidade de luz artificial. E como o vidro leva uma película protetora, o interior não fica tão aquecido. No caso do ar condicionado, temos dois sistemas, o tradicional, que usa um compressor elétrico para resfriar o ar, e o evaporativo: o ar passa por um gotejamento de água e vira vapor fresco, sem precisar do compressor. Dá para reduzir em até 5 ºC a temperatura em relação ao exterior, o que é suficiente quando não estamos no verão. Com todas essas medidas, nos seis primeiros meses de funcionamento da agência, economizamos cerca de 43% de energia.

Por que vocês escolheram fazer a agência-piloto em Cotia?
Porque a maioria dos fornecedores é de São Paulo. E um dos requisitos do Leed para certificar uma obra é a regionalização dos materiais: eles devem estar em um raio máximo de 800 km. São várias as razões para isso, entre elas a idéia de desenvolver a economia local e não queimar muito combustível no transporte. Também pensando no Leed, levamos em conta a questão da conectividade, ou seja, em uma distância máxima de 800 m, temos 23 tipos de serviço, como ponto de ônibus, padaria e farmácia.

Quanto tempo vocês levaram para desenvolver o projeto e construir a agência?
Eu já pesquisava o assunto há bastante tempo, desde o ano 2003, quando iniciei uma pós-gradução em gestão ambiental e criamos um time de ecoeficiência para discutir esse tema nas diversas áreas da diretoria. Mas, naquela época, ainda não havia tantos materiais adequados disponíveis. Aí, no início de 2006, vimos que era hora de colocar a idéia em prática. Desenvolvemos o projeto e os fornecedores. Também efetuamos um estudo de pré-viabilidade para a certificação da obra. Então efetuamos os ajustes necessários para que a construção viesse a ser reconhecida como sustentável e recebesse o selo do Leed, o que aconteceu agora.

O Banco está investindo em outras agências sustentáveis?
Sim. Todos os conceitos que tiveram bom desempenho nesta agência-piloto estão sendo praticados nas demais obras em execução.


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